Universo Ficcional


Desde que há linguagem e seres humanos existem histórias. Há cerca de quatro mil anos algumas delas tomaram forma pela escrita. A epopeia de Gilgámesh, na Mesopotâmia, o Mahabharata, na Índia e a Ilíada, na Grécia, são alguns dos exemplos.
Essas histórias ‘representam o mundo real’, mas não se confundem com ele. É assim ainda hoje com toda literatura de ficção, mesmo as mais ‘realistas’.
Ainda que pretenda retratar a realidade, a ficção realista se depara com obstáculos cruciais. Como já disse Baudrillard: “O signo é sempre o eclipse da coisa”. A linguagem está circunscrita à sua própria realidade, mesmo que se dirija ao ‘mundo real’. O autor realista não representa o mundo com suas palavras, mas apenas ‘recortes’ dele segundo sua percepção e imaginário. Essa operação gera um produto tão ficcional quanto o texto de Homero, e lança mão dos mesmos elementos de Harry Potter.
Tempo/Espaço, Personagens, Conflitos e Linguagem são alguns dos recursos da ficção. O conjunto desses componentes forma o Universo Ficcional de uma narrativa. Assim, o conceito de Universo Ficcional se aplica a todo tipo de história, não só à literatura fantástica ou de ficção científica. Toda narrativa precisa ter a ‘coerência interna’ de um Senhor dos Anéis ou de um Deuses Americanos.
Todo escritor profissional precisa dominar esses elementos e harmonizá-los com suas intenções diegéticas. A história que ele ambiciona contar, com suas buscas, conflitos e mensagens é intensificada com o uso congruente desses recursos, que deverão ser construídos a nível do detalhe. Dessa forma, mesmo o autor realista atingirá um novo patamar em sua escrita.