minha primeira vez como jurado de um prêmio literário
Com os prêmios entregues posso revelar a satisfação de ter participado do júri inicial da categoria Romance do 1º Prêmio Candango de Literatura. As quase duas mil inscrições da premiação servem como um panorama do estado atual da arte. Ao lado de escritos amadores: alguns com premissas incríveis e realizações módicas, outros pouco originais e tantos de estilo imaturo; surgem colossos que engrandecem nossa literatura contemporânea.
Para além dos vencedores e finalistas, diversas obras merecem ser lidas com profundo respeito, e por isso eu gostaria de destacar três romances muito bons que participaram dessa edição: O Funeral da Baleia, de Lilian Sais; O Mundo nos Cabia, de Alan Minas; e o Livro dos Pequenos Nãos, de Heloisa Seixas.
No Funeral, a segurança da frase e a construção de uma imagem poética central, que paira no silêncio das entrelinhas, conferem uma dimensão quase insuportável, um peso apoteótico, à mais simples rotina de um ser humano qualquer, que existe e que por isso carrega dor e arrependimento.
No Mundo, um virtuose da linguagem e da narrativa não economiza na magia de seus personagens, exalando em clave própria a poesia e as peraltagens de Manoel de Barros e Guimarães Rosa.
Já n’O Livro dos Pequenos Nãos, a mão certeira da autora dedilha a alma do leitor com maestria, e num sagaz passeio labiríntico, atinge o âmago de nossa sensibilidade, abrindo espaço em nosso imaginário para um desfecho simplesmente inesquecível.